Essa é uma pergunta muito frequente de quem procura terapia. Não é incomum que as pessoas queiram saber qual a “linha” que o terapeuta utiliza antes mesmo de conhecê-lo, ainda no primeiro contato. Acho que essa necessidade pode estar muito relacionada com o nosso pensamento em especialidades, como se houvesse uma “linha” mais eficiente ou mais adequada para cada caso. Há profissionais que acreditam que sim, obviamente essa não é a minha opinião.
Uma é melhor que a outra?
As “linhas” de terapia são muito diversas, quando começamos a estudar psicologia nos deparamos com um cardápio bem variado de opções e geralmente escolhemos aquela teoria com a qual mais nos identificamos. O principal critério de escolha costuma ser a identificação, ficamos mais confortáveis com aquelas teorias que se baseiam em conceitos e princípios que mais se aproximam das nossas crenças e cultura. Podemos listar vários motivos racionais para essa escolha, mas o que vai nos guiar é aquela que faz mais sentido para cada um.
Particularmente, acho que quando a escolha do profissional foi guiada por esse princípio e ele tem consciência disso a escolha foi a mais acertada. Por que? Porque a “linha” nada mais é do que o mapa que escolheu para utilizar e ajudar a encontrar caminhos possíveis durante seu trabalho, mas esse mapa vai ser diferente de acordo com quem o utiliza.
Por esse motivo, com raras exceções, eu acredito que a “linha” do terapeuta é o fator menos importante nessa escolha. Isso porque a terapia acontece entre terapeuta e paciente, acontece nessa relação e a mesma abordagem pode ser completamente diferente dependendo do terapeuta que se orienta por ela. Diferente de um remédio que se espera que o resultado seja reproduzido independente de quem o prescreve, a terapia só acontece nessa relação e o seu “resultado” vai depender do que é construído pela dupla ao longo dos encontros. A “linha” não pode ser mais importante do que isso, ela é um pano de fundo onde o principal vai acontecer, que é o encontro entre duas pessoas. Não estou diminuindo a importância de “pano de fundo”, o preparo técnico do terapeuta é fundamental, mas a partir do momento em que ele se torna o foco do processo, algo muito mais importante está se perdendo.